sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

CIRURGIA DE CÁLCULO RENAL A LASER

 Para começar nosso assunto, quero, de antemão, deixar bem claro que não sou médico e que não tenho nenhum tipo de ligação com o estabelecimento, pessoas e produto que citarei nesta minha postagem! Sou apenas um músico (flauta transversa) e técnico em Segurança do Trabalho que deseja compartilhar sua (dolorosa mas bem sucedida) experiência com os terríveis cálculos renais, também denominados litíase renal, e popularmente chamados de pedras nos rins! Digo isto já de cara para que ninguém venha a pensar que sou mais um daqueles que trabalham para empresas desse segmento (tratamento de cálculos renais), travestidos de usuários comuns, pessoas "normais" que sofrem desse mal!

 Apenas quero compartilhar a experiência e conhecimentos que adquiri nesta minha jornada árdua de luta contra os cálculos renais, visando facilitar a compreensão daqueles que buscam informações de pessoas como elas mesmas, que já passaram por esse calvário, elucidando dúvidas, contribuindo para a decisão de fazer esse procedimento (a laser), ajudando a dissipar todo e qualquer temor quanto à segurança do procedimento e preparando/informando/orientando sobre o procedimento em si e seu pós-operatório!

 Primeiramente quero exaltar e agradecer de todo o meu coração e alma a DEUS (sim, sou cristão!) pois sem ELE, jamais teria chegado até aqui, depois de todo o processo pelo qual passei! Glória a DEUS por tudo! Agradeço ao meu acompanhante, que esteve ao meu lado, sofrendo comigo em minhas crises renais, dores e lágrimas, sentindo como se fosse em si mesmo! Da mesma forma, agradeço à minha doce família (tias, avó, primo, primas, pai, mãe), os quais me auxiliaram em tudo, sendo também instrumentos usados por DEUS para viabilizarem todo o tratamento para mim! Agradeço muitíssimo ao Dr. José Augusto de Mesquita Neto, médico cirurgião e urologista do CALREN - Hospital do Cálculo Renal, o qual foi e tem sido um instrumento valiosíssimo de DEUS e de suma importância para que me fosse permitido fazer todo o tratamento, desde o seu início até o término (imenso abraço, admiração e que DEUS lhe abençoe, doutor, ao senhor e a toda a sua família)! Agradeço também a todos os meus irmãos em Cristo Jesus, os quais foram de não menor importância em toda a minha jornada, em todas as minhas dificuldades e dores: que o Senhor vos retribua sete vezes mais com bênçãos dos céus de cima em nome do Senhor Jesus! Amém! Agradeço aos amigos que me apoiaram, incentivando-me e também rogando a DEUS por mim! Agradeço infinitamente a todos por tudo!

 Bom, sofro de cálculos renais desde os anos 2000 aproximadamente. No início, em minha primeira crise renal, amanheci com uma dor incômoda (parecida com um cansaço) na região lombar, que se foi irradiando rapidamente até a altura dos rins. Correndo para um atendimento de emergência, fora constatada a litíase renal, dois cálculos: um no rim direito e outro no rim esquerdo. No princípio, as dimensões dos cálculos não passavam de entre 1mm. e 3mm.. Com muitas dores e lágrimas, após diversas crises renais (que são causadas pela migração do cálculo, ou seja, pela movimentação dele no sistema urinário), acabava por expeli-los ao urinar, mas isto, somente após muitas idas e vindas das emergências. Sentia também muitas náuseas. Era terrível! Passei por isso umas três ou quatro vezes, sempre com intervalos entre dois ou três anos, e (por último) um ano.


SISTEMA  URINÁRIO

 Dia 8 de novembro de 2011, fiz uma ultrassonografia das vias urinárias e, para minha surpresa, estavam lá 2 cálculos: um no rim direito e outro no esquerdo. Quase uma semana depois, fiz (por minha conta própria) outra ultrassonografia. Para minha infeliz surpresa (novamente), mesmo após ingerir muita água e de urinar muito e bem clarinho, as pedras ainda estavam lá. Frustrado, recebi orientações de minha família para que buscasse por um especialista, um urologista. Buscando num guia médico de determinado plano de saúde de um de meus familiares, liguei para um urologista de um bairro próximo: consulta marcada somente para quase um mês depois e valor de R$ 120,00. Resolvi ligar para o CALREN - Hospital do Cálculo Renal, localizado também numa região próxima de minha residência. Valor da consulta particular: pouco mais do que o preço da consulta anteriormente referenciada. Obviamente que optei por este último, já que é um hospital especializado em cálculo renal, o qual eu conhecia ao passar próximo quando eu ia para o trabalho. Além disto, ainda recebi o relato de uma irmã de minha igreja que havia feito uma cirurgia há alguns anos lá mesmo. Pôxa, a diferença de preços entre a consulta com o primeiro urologista (de consultório próprio) e a do hospital especializado (CALREN) era de apenas poucos Reais: lógico que optei pelo hospital especializado, né?!?

ESTRUTURA  RENAL


 Indo à consulta no CALREN, fui atendido pelo excepcional médico Dr. José Augusto Mesquita Neto (médico cirurgião e urologista), que me solicitou novos exames, realizados todos lá naquele mesmo dia. Com o resultado dos mesmos em mãos, o Dr. José Augusto deu-me o diagnóstico preciso e disse-me que eu não conseguiria expelir naturalmente ambos os cálculos, um de 7mm. (rim direito) e outro de 6mm. (rim esquerdo).

CÁLCULO  RENAL


 Segundo ele, em caso de crise renal severa, seria possível que um dos cálculos (ou ambos) estivesse(m) migrando (se movimentando) para o(s) ureter(es). Como cada ureter possui entre 2mm e 3mm, seria impossível a passagem das pedras por cada urete: isto bloquearia a passagem de urina produzida pelos rins, o que geraria bactérias com o acúmulo de urina neles, causando infecções nos mesmos. Como os rins acabariam por inchar, seu funcionamento ficaria comprometido e, num curto prazo de tempo (coisa entre duas e quatro horas), eu poderia vir a perder um dos rins. O Dr. José Augusto prescreveu-me a cirurgia a laser, cujo valor (pelo menos para mim, no momento) estava fora de minhas possibilidades, na cada dos milhares de Reais, aproximadamente, isso, cada rim. No total, isso me custaria um valor altíssimo, praticamente impossível para minha situação no momento. Até porque eu não possuía plano de saúde na ocasião. Os planos de saúde pagam (me parece) pouco menos que isso... Graças a DEUS, pela imensurável generosidade do Dr. José Augusto, o valor me fora facilitado em todos os sentidos. Liguei dias depois da consulta para marcar as cirurgias. Ressalto que os valores praticados NÃO SÃO CAROS: mão-de-obra especializada de uma equipe médica, equipamentos de última geração (última palavra em matéria de tratamento de cálculos renais), técnica super avançada, medicações evoluídas, acolhimento numa estrutura de primeiríssimo mundo, com toda uma preparação, adequação e suporte raros de serem encontrados hoje em dia. O problema é que nós, povo brasileiro, somos muitíssimo mal remunerados, o que nos impede de ter à disposição tratamentos que políticos e suas famílias injustamente têm, sem fazerem um mínimo de esforço, como nós, brasileiros, fazemos.


RIM  DILATADO  POR  OBSTRUÇÃO  DO  URETER


 A primeira cirurgia fora marcada para o dia 1 de dezembro de 2011, às 10 horas da manhã. Citarei resumidamente todos os procedimentos a que fui submetido antes, durante e após a cirurgia:

  •  Foi-me prescrito um antibiótico (Proflox, que é o Cloridrato de Ciprofloxacino), que deve ser tomado entre 3 dias a 7 dias antes da cirurgia, para que combatesse qualquer eventual infecção que já estivesse instalada ou para profilaxia (prevenção);

  •  Jejum total a partir das 00:00 do dia anterior à cirurgia (não se pode comer nem beber nada, inclusive água !);

  •  Antes de ir para o centro cirúrgico, preenchi várias guias: umas com questionários (contendo perguntas sobre medicamentos ingeridos em determinado tempo, eventuais alergias a medicamentos, cirurgias já realizadas e outras mais) e outras com explicações sobre os procedimentos a serem realizados, autorizações e outros mais;

  •  Fui chamado por um dos enfermeiros a dirigir-me para meu quarto (em caso particular ou se o convênio cobrir, vai-se para um quarto privado, com condicionador de ar; TV a cabo; frigobar; leito automatizado com controle remoto; sofá-cama para acompanhante, cuja permanência deve ser paga por fora, dando-lhe direito a café da manhã, roupas de cama e um kit para banho, contendo sabonete, xampu, condicionador, loção hidratante; para o paciente, roupas de cama, roupão, refeições regulares e de excelente qualidade para o paciente (de idem qualidade para o acompanhante), kit de banho com toalha, xampu, condicionador, loção hidratante, banheiro desinfectado a cada paciente com chuveiro quente, barras de apoio para o paciente, box, lavatório com torneira e espelho, um ramal para contato com diversos setores do hospital, uma campainha para acionar a Enfermagem em caso de necessidade, cujo atendimento é imediato, logo após acioná-la. Enfim, toda uma infraestrutura especialmente desenvolvida, adequada e disponibilizada ao paciente e ao seu acompanhante);

  •  Após receber o kit banho, tomei uma bela ducha e pus o roupão;

  •  Após alguns minutos, um dos enfermeiros me colocou o soro e antibiótico na veia, e fiquei deitados, em repouso, aguardando a visita da(o) anestesista;

  •  Recebi a visita da anestesista, que me fez algumas perguntas e me passou o que seria realizado a nível de anestesia. O método utilizado é o bloqueio, ou seja, a raqui (raquianestesia). Confesso que fiquei bastante assustado quando a anestesista revelou-me ser a raqui, a anestesia utilizada. Isto, devido a alguns relatos de pessoas que diziam terem ficado paraplégicas após a aplicação da tal, ou de quem ficara com sequelas após essa anestesia, como mudança de temperamento (sei lá, creio ser isso mais ou menos...) e as famosas cefaléias pós-raqui (fortes dores de cabeça após os efeito da anestesia, no pós-cirúrgico). Dias antes, pesquisei muito sobre a tal anestesia e descobri que as técnicas, medicamentos e profissionais evoluíram muitíssimo, com sucesso em praticamente todos os procedimentos. Ainda assim eu estava muito apreensivo: a anestesista pediu a um dos enfermeiros que me ministrassem meio comprimido de Dormonid (um comprimidinho azulzinho, de sabor azedo e amargo ao mesmo tempo, que se coloca debaixo da língua). Após alguns minutos, eu já estava bem mais tranquilo, sem estar dopado;

  •  Após alguns minutos, o enfermeiro levou uma maca para o quarto e me passou do leito para tal. Fui levado para o centro cirúrgico, onde fui transferido para a mesa cirúrgica. Lá, a anestesista aplicou no soro uma medicação de cor leitosa, que, aos poucos, fez-me adormecer, até "apagar" por completo. Sobre a raqui ? Nem vi me aplicarem! Dormi como uma criancinha! Ainda bem...;

  •  Totalmente sem noção de tempo, despertei já no leito de meu quarto, não sentindo da cintura pra baixo. Meu acompanhante diz que retornei ao quarto, após a cirurgia, de olhos arregalados e com calafrios (reação normal da raqui, quando esta vai passando), falando pelos cotovelos;

  •  Fui recuperando-me do efeito da raqui aos poucos, sentindo que os movimentos de minhas pernas iam-se recobrando. Ah! A anestesista ressaltou que só deveria ingerir qualquer coisa (inclusive água) após liberação por parte dela ou de um médico, informação essa que me seria passada a mim e a quem me acompanhava através deles mesmos ou de um enfermeiro. Confesso que as últimas partes de meu corpo que voltei a sentir foram o pênis e os testículos. Como minha 'parte baixa' estava ainda anestesiada, sentia um desconforto na altura da bexiga, mas não conseguia urinar por estarem os músculos dessa região ainda relaxados (efeito da anestesia). A equipe médica julgou melhor me passar uma sonda (cateterismo vesical) para aliviar-me: Não. Não doeu nada pois ainda estava sob efeito anestésico da raqui. E olha que saiu urina, hein!?! Isto, porque o médico, no ato cirúrgico, irriga o rim operado com bastante líquido (creio ser soro, não tenho certeza ainda, mas perguntarei ao meu médico);

  •  Não me recordo bem se foi um médico (anestesista ou não) ou um enfermeiro que me perguntou, depois de um tempo, se eu já sentia completamente os pés e pernas e se já conseguia movê-los normalmente. Disse que sim e me foi liberado o desjejum. Embora com muita fome, não posso deixar de ressaltar a excelente qualidade das refeições, cujo cardápio me era apresentado antecipadamente pela nutricionista, e praticamente eu mesmo "montava" meu prato, sob sua supervisão, informando (inclusive) o horário em que eu deseja recebê-la;

  •  A cada hora (ou quando precisávamos) um membro da enfermagem ou um médico adentrava o quarto e nos perguntava se precisávamos de algo: excepcional atendimento! Parabéns mesmo a todos!;

  •  Fiquei com soro num frasco e com antibiótico em outro. Em nenhum momento senti náuseas ou tive vômitos. Dores de cabeça? Nenhuma! Esse o motivo pelo qual o jejum total antes da cirurgia e a orientação médica no pós-operatório para se comer ou beber algo somente depois de liberação dos tais;

  •  Recebi alta médica já na manhã do dia seguinte à cirurgia, isso, em 02 de dezembro de 2011. De fato, a recuperação é super rápida: no mesmo dia da cirurgia eu já conseguia andar pelo quarto. Não tive nenhuma restrição quanto à dieta, apenas me foi recomendado evitar abaixar-me demais, fazer esforços e pegar peso. No mais, era apenas ingerir muita água e aguardar o retorno (8 dias após a cirurgia) para fazer a retirada do catéter duplo J, o qual é colocado para manter o fluxo urinário através do ureter. Funciona assim: todos os procedimentos são realizados através das vias naturais, ou seja, através da uretra, sem incisões (cortes) ou pontos. Como vários equipamentos são introduzidos até alcançar-se o rim, ao passarem pelo ureter (pequeno e estreito canal que leva a urina desde o rim até a bexiga), causam irritação e conseqüente inflamação do mesmo, fazendo com que ele inche para dentro de si, reduzindo sua circunferência. Isso faz com que o espaço para a passagem de urina fique menor, mais estreito, dificultando o fluxo urinário. A função do catéter duplo J é exatamente manter o ureter (como direi?...) dilatado, mantendo sua capacidade normal/natural de receber e conduzir o fluxo de urina até a bexiga, para, enfim, ser excretada. O catéter duplo J é uma espécie de sonda, bem fina, em cujas extremidades (tanto superior quanto inferior) ele se contorce, dando-lhe um formato de J (por isso seu nome). Também é conhecido como catéter Pig Tail (rabo de porco) pois possui essa aparência dada tal característica. Sua colocação e retirada são indolores e sob efeito de sedação (atenção pois somente profissionais competentes e sérios realizam tais procedimentos sob sedação). Não se vê nem se sente absolutamente NADA;
 

  •  Ao chegar em casa, logo senti vontade de urinar. Após iniciar a micção, depois de urinar certa quantidade, senti que o esfíncter (músculo circular contrátil) da uretra "travou" a urina, e logo senti uma dor terrível, uma espécie de cólica, quase da intensidade de uma crise renal. A partir daí, apenas urinava deitado em minha cama pois ficava na expectativa da mesma dor intensa se repetir nas demais vezes, o que ocorreu. À tarde e já imaginando que algo estivesse dando errado, resolvi ligar para meu médico (Dr. José Augusto), a quem comecei a relatar que, em toda as vezes em que urinava, sentia tal dor. O médico (extremamente experiente) não esperou nem mesmo eu terminar de falar: ele me disse que aquilo era normal pois se tratava de um refluxo urinário, isto é, uma parte da urina era excretada normalmente, enquanto que outra retornava ao rim, fazendo o percurso inverso. Essa pressão resultava na imensa dor que sentia, mas que, segundo ele, nosso organismo fora construído de maneira tão perfeita, que após as primeiras 72 horas a contar da cirurgia, o esfíncter renal vedaria a porção superior do catéter duplo J, permitindo que se abrisse somente para a descida (saída) da urina, não mais para que esta subisse de volta (refluxo). De fato, após as primeiras 72 horas, já não sentia mais nada e conseguia urinar tranquilamente de pé, já como um "rapazinho" (Rsrsrsrs... seria cômico se não fosse doloroso!);


  •  No dia 09 de dezembro de 2011 (sexta-feira), exatamente 8 dias após a primeira cirurgia, retornei ao hospital para a retirada do catéter duplo J e execução da segunda cirurgia (lembra que eu estava com 2 cálculos, 1 no rim direito e outro no rim esquerdo?). A preparação é a mesma, tanto para a cirurgia quanto para a retirada do catéter duplo J (também é um procedimento cirúrgico): jejum total desde as 00:00 do dia anterior, preenchimento de fichas com questionários diversos. Como eu iria passar por uma nova cirurgia (para a remoção do segundo cálculo, agora em outro rim, além da retirada do catéter), foi necessário eu ser internado novamente e passar por todos os processos supracitados. Novamente não vi nem senti nada. Recebi alta no dia seguinte, logo pela manhã, sob as mesmas recomendações anteriores;

  •  Eu já sabia que sentiria as mesmas fortes dores quando fosse urinar (devido ao refluxo urinário nas primeiras 72 horas). Quanto aos edemas na uretra após a cirurgia, por incrível que pareça, não senti praticamente nada ao urinar nas primeiras 24 horas. A dor e ardência ao urinar eram mínimas, quase imperceptíveis. Voltando à dor ao urinar, por causa do refluxo urinário pelo catéter (sim, fora colocado outro catéter duplo J, agora no rim esquerdo, após a retirada do catéter anterior, no rim direito), notei que, mesmo após as primeiras 72 horas, a tal não passava ! Percebi que minha urina saía em bem pequena quantidade, bastante escura, mais até do que a coloração de café. Além disto, sentia um pouco de dor na uretra e bastante desconforto na bexiga. Liguei para o hospital e fui informado de que era normal, que o catéter poderia, sim, ferir um pouco o rim onde se encontrava sua porção superior, fazendo até que sangrasse eventualmente, o que não chegou a ocorrer comigo. Todavia, quatro dias após eu ainda apresentava os mesmos sintomas, os quais acentuaram-se ainda mais, ao ponto de eu fazer febre de quase 40 graus, o que não deveria ocorrer, segundo orientações médicas. No quinto dia retornei ao hospital por solicitação médica e fui internado para a retirada do catéter duplo J no mesmo dia. Cumpri algumas horas de jejum pois havia eu tomado o café da manhã em casa, antes de dirigir-me ao hospital. Por volta das 16 horas do dia 14 de dezembro de 2011, fora realizada a retirada do catéter, sob sedação na veia, através da veia. Normalmente fica-se em observação por, no máximo, 2 horas após o procedimento de retirada do catéter. No entanto, fiz febre novamente e o médico deixou-me internado até o dia seguinte, com antibiótico na veia, até a febre cessar. Recebi alta no dia seguinte, dia 15 de dezembro de 2011, por volta das 18 horas. Ah, sim! O motivo dos sintomas e, principalmente, da febre? Meu rim esquerdo rejeitou o catéter duplo J e o expulsou até ficar totalmente na bexiga, o que me ocasionou infecção! Sim, a rejeição pode ocorrer, sim! Isto não ocorre constantemente mas não é descartada a sua possibilidade, e eu fui o "premiado" da vez! Está bem explicitada nos termos que assinamos conjuntamente ao médico, antes da cirurgia;

  •  Antes de partir para casa, ainda passei por meu médico, Dr. José Augusto, que me prescreveu um antibiótico a ser administrado via oral por 10 dias, para combater e/ou evitar qualquer eventual infecção. Despedi-me deste admirável, respeitável e louvável profissional, que demonstrou ser muito mais do que um médico, mas um ser humano ímpar, de coração mui humilde e ao mesmo tempo de alma nobre ! Sinceramente, raríssimo deparar-mo-nos com um ser desse nível nos dias de hoje! Agradeço-o eternamente de coração! Peço a DEUS que o abençoe mais e mais, a ele e à sua feliz família!

 Em suma: após alta médica final, fui orientado a buscar o auxílio de um nefrologista (especialista em rim), a fim de passar por uma profunda avaliação, cujo objetivo é chegar-se à origem da formação de meus cálculos renais e combater exatamente aí, em sua formação. Após avaliação deste profissional, por certo, uma dieta elaborada especificamente para meu perfil orgânico, acompanhada de uma eventual medicação (também específica), servirão de manutenção para a minha saúde, evitando que novos cálculos se formem.

 Posso afirmar que a cirurgia é segura, sem medos, apenas seguindo as orientações médicas. Não se vê nem se sente ABSOLUTAMENTE NADA durante a cirurgia e na retirada do catéter duplo J. Já li casos de pacientes de outros médicos que fizeram a retirada do catéter sem sedação e posso afirmar que isso é coisa de profissional incompetente, que não quer gastar medicação e mão-de-obra do anestesista. Ou é coisa do paciente, que não quer pagar pelo anestesista. Mas ainda nessa segunda hipótese, seria total irresponsabilidade do médico autorizar tal procedimento sem sedação. Isso não ocorreu comigo.

 Beber bastante água após o procedimento cirúrgico é de fundamental importância! Isso faz com que o rim volte a trabalhar normalmente, com homogênea hidratação e produção de urina. Não fique com medo de urinar por causa da dor do refluxo, devido ao uso do catéter duplo J: prender a urina é ainda pior e faz mal! Isso passa naturalmente, apenas tenha paciência! Evitar abaixar-se, pegar peso e fazer esforço ajuda e muito na convalescência. Embora com dieta liberada, sem restrições, eu não seria tolo de comer uma bela feijoada, um camarãozinho frito, uma linguicinha frita ou uma carne seca com aipim. Gente, mesmo sem incisões ou pontos, é uma cirurgia! E isso mexe muito com nosso organismo e nossa estrutura, nosso interior. Até hoje (03 de janeiro de 2012, terça-feira) sinto um pouquinho de "repuxões" e quase imperceptíveis dorezinhas na altura dos locais operados. Embora aparentemente bem, contudo, internamente, o organismo necessita de tempo para recuperar-se, afinal (no meu caso), foram 4 procedimentos cirúrgicos em apenas 3 semanas. Isto requer tempo e paciência. Mas, hoje, estou com ambos os rins limpos, novos, sem dores ou cólicas ao urinar. Ah  Não poderia esquecer-me: logo após a retirada do catéter duplo J, não se sente nada ao urinar, a micção é normal. Mesmo após tudo isso, é de suma importância buscar por um nefrologista, para que se descubra como se formam os cálculos e para que se combatam suas causas.


 Resumirei ao máximo como funciona o procedimento cirúrgico a laser:

 1 - O paciente é sedado e recebe a raquianestesia (bloqueio) sem ver nem sentir nada; 

 2 -O médico introduz através da uretra um ureteroscópio flexível, cuja estrutura é basicamente formada por uma microcâmera, uma microfibra condutora de laser e uma pinça para a remoção dos fragmentos do cálculo a ser detonado. Esse equipamento fica conectado a uma máquina geradora de laser (me parece que seu nome é Holmium Laser), cuja intensidade desta última é regulada pelo médico ou já vem de fábrica pré-ajustado. O médico controla tudo como se estivesse jogando videogame: através de uma espécie de joystick, ele comanda a sonda flexível, direcionando-a para onde quer, visualizando tudo digitalmente por um monitor;

URETEROSCÓPIO  FLEXÍVEL

MÁQUINA  QUE  GERA  O  LASER:  EXISTEM  DE  VÁRIOS  DE  MODELOS  DE  DIFERENTES  FABRICANTES


COMO  FUNCIONA


 3 - Depois de visualizado o cálculo (já detectado anteriormente por exames de imagem como a radiografia e a ultrassonografia), este recebe incidência de laser, sendo fragmentado em pedaços menores ou até pulverizado;

CIRURGIA  EM  ANDAMENTO

CIRURGIA  EM  ANDAMENTO




VISUALIZAÇÃO  DO  PROCEDIMENTO  PELO  MONITOR

VISUALIZANDO  ATRAVÉS  DO  MONITOR



 4 - Após a detonação do cálculo, uma pinça é colocada em ação para remover seus fragmentos;
PINÇA  PARA  A  REMOÇÃO  DE  FRAGMENTOS





 5 - Após a remoção dos fragmentos, o médico irriga o rim operado com um líquido, que ainda confirmarei se é soro ou alguma outra substância;

 6 - Em seguida, o médico introduz um catéter duplo J (dado o seu formato em ambas as extremidades), também conhecido como Pig Tail, devido ao seu formato, lembrando a cauda de um porco. Esse catéter manterá o ureter dilatado, uma vez que, após todo o procedimento, o mesmo inflama e incha para dentro de si, reduzindo suas dimensões e dificultando ou até mesmo bloqueando a passagem de urina e de eventuais poeiras e minúsculos fragmentos do cálculo detonado. A função do duplo J é manter o ureter funcionando normalmente, fazendo com que a urina flua normalmente até a bexiga. Todo o processo, desde a chegada ao centro cirúrgico até a chegada ao quarto ou enfermaria, dura poucos minutos: esse foi o meu caso ! Pode ser que outro paciente leve menos ou mais tempo;

CATÉTER  DUPLO  J



CATÉTER  DUPLO  J  NO  SISTEMA  URINÁRIO

 7 - Depois de todos estes procedimentos, o paciente é levado para o quarto ou enfermaria, ainda sob efeito da anestesia, não sentindo, assim, de sua cintura para baixo. A ingestão de qualquer alimento ou bebida só é liberada após todo o efeito da anestesia passar e depois de autorização médica, caso contrário, muitas náuseas e vômitos se apresentarão. Em poucas horas o efeito da anestesia passa e é feito o desjejum;

 8 - Pode acontecer de não conseguir-se urinar logo que a anestesia vai passando. Isso gera certo desconforto pois sentimos a bexiga cheia mas os músculos (esfíncteres) ainda estão relaxados, e não se consegue urinar naturalmente. Isso é normal. Se isso acontecer, o médico pode prescrever uma sonda de alívio (cateterismo vesical), para que a urina saia facilmente. Como o paciente está ainda sob efeito da anestesia, a passagem da sonda não será sentida: nem dor nem incômodo;

 9 - Durante as primeiras horas após a cirurgia, cessado o efeito da anestesia, pode sentir-se um pouco de dor e ardência ao urinar pois todos os procedimentos são realizados pelas vias naturais. Isso acaba por ferir um pouco a uretra, que acaba por ficar com edemas. Isso passa após as primeiras 24 horas;

 10 - É normal as primeiras urinas saírem com um pouquinho de sangue, afinal, o sistema urinário recebeu uma série de objetos estranhos;

 11 - Aproximadamente 24 horas após a cirurgia, o paciente recebe alta hospitalar. É receitado um antibiótico por via oral (geralmente o Proflox, que é o Cloridrato de Ciprofloxacino), um anti-inflamatório (pode ser o Voltaren ou seu genérico), um medicamento para aliviar a dor e ardência da uretra (Pyridium) e um analgésico em caso de dor (Dipirona Sódica ou Buscopan). Não significa que serão todos estes prescritos: o médico é quem sabe. Para mim foram estes mas não quer dizer que todos os demais pacientes receberão estas medicações;

 12 - Beber muita água, não deixar de tomar o antibiótico, evitar abaixar-se em demasia, evitar fazer esforço e evitar pegar peso são recomendações médicas. A dieta é liberada, o que vai depender do quadro de cada um: de repente alguém seja diabético e daí a orientação será diferente;

 13 - Se, ao urinar, sentir-se uma súbita pressão no rim operado, com a urina "travando" de repente e uma dor muito intensa (quase comparável a uma crise renal), isso é normal nas primeiras 72 horas: é o tal refluxo urinário do catéter! Uma parte da urina é eliminada normalmente, enquanto que outra parte faz o percurso inverso, subindo. Isso gera a pressão sentida e a conseqüente dor. Eu mesmo, após sentir tal dor, acabava por deitar-me logo, com os dentes batendo, uma sensação de calafrio e parecendo que ia desfalecer. É dilacerante mas normal. Segundo o médico, o esfíncter renal (músculo circular contrátil) acaba por promover a vedação do rim sobre o catéter após as primeiras 72 horas (3 dias após a cirurgia). Não se apavore QUANDO senti-la;

 14 - Geralmente em até 8 dias após a cirurgia o paciente retorna para retirar o catéter duplo J. O procedimento é também cirúrgico mas sem a necessidade de preocupar-se: é aplicada uma sedação na veia do paciente. Ele não vê nem sente nada. O processo é rápido e fica-se em observação por até 2 horas, com alta no mesmo dia;

 15 - Dores, eventuais sangramentos e desconfortos na região operada são normais. Deve-se observar se surgir FEBRE pois é indício de que algo não está bem, o que não significa que seja algo grave. Deve-se contactar imediatamente o médico pois este o orientará a dirigir-se para o hospital onde fora realizada a cirurgia. Outrossim é se você estiver ingerindo bastante água e eliminando bem menos do que bebe. Óbvio que nosso organismo retém uma parte, se estivermos num clima quente transpiraremos mais. Mas se ainda assim você notar que está urinando bem menos do que bebeu, que sua urina está escura e escurecendo ainda mais, a urina sai em mui pouca quantidade, sente-se bastante incômodo na bexiga e na uretra, pode ser que tenha havido rejeição do catéter por parte do rim operado. Mas lembre-se de que, se estiver tomando o Pyridium, este medicamento faz com que a urina saia vermelho-alaranjado, devido ao corante de sua composição. Certifique-se de que não é efeito deste medicamento para não se apavorar sem motivos. No meu caso, notei os sintomas que citei e resolvi parar com o Pyridium para ver se não era coloração dele na urina. 24 horas após eu tê-lo deixado de tomar, continuei urinando da cor de café e para mais escuro. Sentia forte desconforto na bexiga e um pouco de dor na uretra. Em seguida, me sobreveio a febre de quase 40 graus. Liguei para o hospital à noite e fui para lá no dia seguinte, quando fui internado para a retirada do catéter pois havia ocorrido rejeição do mesmo, que foi expulso pelo meu rim operado. Isso, já na minha segunda cirurgia (rim esquerdo), pois na primeira (rim direito) tudo sucedeu muito bem ! Não ocorre constantemente mas pode acontecer de haver rejeição. Não fique "encucado" com isto. Geralmente não ocorre. Pode ocorrer? Sim! Mas é difícil. Fique calmo e tranquilo. Tudo vai correr bem!;

 16 - Se mesmo após a retirada do catéter você ainda fizer febre, ficará internado com antibiótico na veia até a febre ir embora: é sinal de que uma infecção decorrente da rejeição do catéter se instalou mas é logo combatida. Nada com o que se preocupar;
 
 17 - Após todo esse processo você receberá alta e retomará gradualmente sua vida normal. O médico só lhe prescreverá um antibiótico por via oral por 10 dias, de 12 em 12 horas (normalmente o Zinnat, que é o Axetil Cefuroxima, nome genérico e bem mais barato do que o primeiro). Embora sem restrições quanto à dieta e atividades físicas, preferi preservar-me por mais um mês ou mês e meio, evitando comidas "carregadas" (feijoada, embutidos, condimentos, sal, gorduras e frituras, peixes e frutos do mar e alguns outros) e, como já não ingeria bebida alcoólica, NUNCA MAIS bebo refrigerantes. Agora, leio atenta e pacientemente o rótulo de alimentos e bebidas, verificando a porcentagem de sódio, cálcio e proteínas, maiores colaboradores na formação de cálculos renais. E não nos esqueçamos de ingerir muita água.


 Enfim, se você tiver que passar por um procedimento cirúrgico para a remoção de cálculos renais, caso possas, opte pelo procedimento a laser. Se possível for, procure pelo CALREN - Hospital do Cálculo Renal. Como relatei no início de meu depoimento, não trabalho lá, não tenho nenhuma ligação com o estabelecimento a não ser como paciente, e não ganho nenhuma vantagem em divulgá-lo. Apenas reconheço toda a excepcional qualidade, competência e comprometimento de todos nesse magnífico hospital, que é referência nacional no tratamento de cálculos renais. Só tenho elogios a todos de lá. Sua estrutura é de deixar muitos famosos hospitais particulares "no chinelo". Se puder fazer sua cirurgia por meio do laser, não tema porque é um procedimento totalmente seguro e indolor. O pós-operatório é meio chatinho mas suportável. Afinal, quem gostaria de ser cortado, como antigamente? Além dos pontos, as terríveis cicatrizes ficariam lá por testemunha. Além do quê, a recuperação (no caso do procedimento a laser) é muitíssimo rápida, sem comparação. Vá sem medo. Se precisar fazer contato comigo para tirar alguma eventual dúvida, deixarei aqui meu e-mail. Lembrando que NÃO SOU MÉDICO! Apenas compartilho aqui minha experiência com aqueles que passam pelo mesmo sofrimento que eu passei.


CALREN - HOSPITAL  DO  CÁLCULO  RENAL:  http://www.calrenhospital.com.br/


 Deixo aqui um abraço a todos e meus mais sinceros votos de recuperação. Se precisar passar pelo procedimento cirúrgico a laser, boa recuperação apenas, pois rápida sei que será. Abraços a todos !


 E-mail:  carlosmagno.psi@gmail.com  



OBS.:  Todas as informações aqui contidas são de caráter informativo, sem fins lucrativos, compartilhando minha experiência recém-adquirida, ao passar pelos procedimentos supracitados. Não sou médico! Apenas desejo auxiliar as pessoas que, assim como eu anteriormente, não possuem nenhum tipo de informação sobre o procedimento (Cirurgia de Cálculo Renal a Laser, isto é, Litotripsia Intracorpórea a Laser), ou ainda um relato veraz de alguém real, como paciente, que tenha passado por essa experiência. Aproveito para agradecer à PRAIA MED pelos vídeos postados no YouTube, de onde os extraí e os postei aqui. Quanto às imagens, são de diversos sites que as disponibilizam para informações sobre equipamentos e procedimentos urológicos.